Périgord Vert

Antes-de-ontem (olha só meu esforço para não deixar os posts se acumularem...) fomos com a Mme Cheval (como vocês podem ver, a 'mãe' do Paulo aqui gosta de nos incluir) conhecer a região verde que cerca a cidade de Périgueux, ou Perigord Vert. A paisagem é realmente incrivelmente verde agora no verão e há diversos castelos e igrejas que datam do século 12 ao século 14. Esse conjunto de construções forma a Route Richard Coeur de Lion -- Rota de Ricardo Coração de Leão.

Para que vocês entendam exatamente o que visitamos, segue um pouco de contextualização histórica:

A região da Aquitane sempre sofreu forte influência inglesa: durante muito tempo os senhores daqui foram vassalos do rei da Inglaterra e grande parte da guerra dos 100 anos foi lutada aqui mesmo.
Em 1169, Ricardo Coração-de-Leão (sim, o mesmo que depois viria a ser rei da Inglarra e lutar nas Cruzadas a Jerusalém) recebeu o título de Duque da Aquitane -- na época ele tinha 10 anos de idade. Cedo na vida ele tornou-se vassalo de Felipe Augusto, rei da França, para ter forças para lutar contra Henrique II. Com a morte de seu pai, tornou-se também Duque da Normandia e, em seguida, foi coroado rei da Inglaterra. Aos 20 anos, já com força política, entrou em guerra com a França e manteve a região da Aquitane como sua base de ações. Grande parte do patrimônio hoje encontrado aqui vem das guerras e conquistas desse período histórico.

Visitamos primeiro o Castelo de Jumillac. Esse castelo foi disputado intensamente por Ricardo e Felipe, devido à sua localização estratégica no sudoeste da França. Paramos por um pedaço em Jumillac e tivemos um pequeno piquenique à margem do rio Isle (o mesmo de Périgueux) que passa ao lado do castelo. Depois de fazer uma hora lá, descansar um pouco e mesmo cochilar, seguimos para a Abadia de Chalard.

A Abadia de Chalard situa-se no alto de uma colina e data do século 10, quando São Geoffrey vivia como eremita na região. Em meados do século 12 a abadia foi fortificada para defender a vila do período conturbado. Os ingleses chegaram a capturar a Abadia durante a guerra dos 100 anos e depois reconquistado pelos franceses. É completamente feito de granito e tem a forma tradicional de uma igreja beneditina. O cemitério ao lado onde jazem os monges do passado também é especial ; em cada tumba há o desenho da profissão do monge (um martelo se ele era ferreiro, por exemplo).

Visitamos a seguir a vila medieval de Ségur-le-Château, a qual é praticamente toda constituída de construções da baixa idade-média e renascentista. Terminamos a porção turística do dia indo ao Castelo de Pompadour, mas acabamos nem parando... haviam 163978462398746 (aproximação inexata ;p hehe) de pessoas na cidade devido ao feriado e simplesmente nenhum lugar para parar o carro.

Para encerrar esse agradável dia longe da cidade, fomos tomar um refresco com os mesmos amigos da Mme Cheval com quem havíamos jantado no dia anterior. Esses franceses são simpáticos demais! Fico surpreso como eles são receptivos e eu me sinto completamente à vontade. Bem, depois de um suco de laranja voltei a Périgueux para, enfim poder descansar da soirée da noite anterior...
Perigord Vert? Foi um dia indubitavelmente gostoso.